domingo, 11 de dezembro de 2016

Imagens do festejo de Nossa Senhora dos Remédios




Fonte das fotos:  Prefeitura Municipal de Arraias



Carnaval

Imagens do carnaval arraiano, uma das melhores festas da região norte do país, pois preserva uma tradição cultural secular, que é o “entrudo”, que nada mais é do que jogar agua nos foliões ao som de marchinhas de carnaval.



Fonte das fotos:  Diversões Arraias.


terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Ensaio Etnográfico sobre a culinária Kalunga: O Bolo de arroz enquanto comida típica regional


Thamyris Carvalho Andrade[1]
Eudemir Melo da Silva[2]
Regilene Batista de Sena[3]

Considera-se que a construção do Brasil foi possível devido à força de trabalho dos negros africanos durante o período Colonial e sua presença viva ao longo de toda a sua história. Para chegarem à condição atual, os negros que se furtaram da escravidão, dando perda ao seu valor, são os que conseguiram fugir do sistema escravagista correndo para a liberdade. Deu-se assim a criação dos quilombos. Por não poderem contar com a justiça legal, usavam suas próprias armas e faziam a sua própria justiça, em que a luta, dia após dia, era o que garantia sua permanência em vida e a busca pelos seus ideais.
Analisar o papel histórico desempenhado pelos quilombos nas diversas sociedades latino-americanas, em um momento no qual se expandia o modelo capitalista de produção de base no trabalho escravo, traz condições para perceber que o conceito de quilombo sofreu deslocamentos. Os estudos questionam, principalmente, três dentre os elementos constitutivos desse conceito, quais sejam: a fuga, o isolamento e a diversidade étnica.

As fugas eram um meio atraente de escapar a escravidão: Geralmente individuais, não exigiam nenhum plano coordenado e oferecia uma perspectiva sedutora, a da liberdade imediata. Por isso, fora frequentes em todo o período escravista. (QUEIROZ, 1990 p. 42).

Os quilombos se localizavam em locais bem distantes e de difícil acesso, tentavam ficar o mais longe possível de seus exploradores. No Brasil, no estado do Tocantins, com os quilombolas do Kalunga do Mimoso - TO não foi diferente, esta comunidade surgiu de um desses movimentos negros e atualmente está situada a aproximadamente 120 Km de Arraias-TO. Diversas são as versões sobre a origem do nome Kalunga. Em uma tentativa de desvendar sua origem, foram trazidas para o diálogo, algumas pessoas da comunidade, autores e pesquisadores da área. Para (K. J.S.F., 2012), “È sabido que o nome Kalunga é resultante de uma planta da região”. Oliveira (2009) partilha a seguinte afirmação:

O nome Kalunga resultou de uma forma de referenciar os moradores por um comerciante da cidade de Monte Alegre que em suas anotações de venda a prazo, utilizou o nome de um pequeno riacho que passava dentro da fazenda contenda, Riacho Kalunga. (OLIVEIRA, 2009, p. 18).

As versões acima são as mais conhecidas e ditas pela comunidade. Heywood salienta que:
Kalunga é o nome de um quilombo no estado de Goiás. Em 1993, de 2 a 4 mil negros viviam em 41 comunidades espalhadas por 2,02 mil quilômetros quadrados em uma região montanhosa próxima a vila de Cavalcante. Esse talvez seja o mais antigo quilombo habitado permanentemente do Brasil. (HEYWOOD, 2009 p.127).

Nesse sentido, a produção do conhecimento do povo Kalunga surge de sua organização, crenças, contato com outras culturas, sendo eles mesmos produtores de seus próprios conhecimentos.

Busca-se saber como e por quem são produzidas (as práticas culturais), os eventos que possibilitam sua realização, como se articulam com outras práticas culturais, seu sentido para quem os produz e consome, as normas, os valores e os critérios de acordo com os quais são avaliados por aqueles que estão diretamente relacionados com tais manifestações, bem como a forma de organização e as atividades necessárias á sua existência. (AYALA, 2003, p. 51).

Dos costumes, instrumentos e práticas utilizadas pelo povo Kalunga, estão o fogão a lenha, andar a cavalo, plantar roças (cultivam boa parte da cultura consumida por sua família, arroz, mandioca, cana-de-açúcar, batata doce e hortaliças), buscam água no Rio Paranã, ou até mesmo nos córregos mais próximos (na época das chuvas) e armazenam em grandes e vários recipientes como potes e botijas, usam canoas de madeira, produzidas artesanalmente pela própria comunidade, pescam e caçam o seu próprio alimento.
Atualmente já dispõem de fogão a gás, no entanto, muitas das cozinheiras ainda preferem manusear o fogão à lenha. Moram em casas feitas de adobes ou palha, dependendo da condição de cada família. Nesse contexto Warnier (2003) entende que, as culturas são singulares e, extraordinariamente diversas e localizadas. Resgatar e registrar a forma como essa cultura é repassada vai nos possibilitar entender, respeitar os mesmos como atores sociais e produtores de sua própria cultura.” Várias são as atividades que caracterizam suas formas ou modos de viver da comunidade: á culinária típica, no que pode retratar como características são as variedades de bolo, tais como bolo de arroz, que é feito a base de fubá de arroz, e é colocado de molho à noite e no dia seguinte escorrido e pilado o arroz (no pilão) para obter o fubá; o enroladinho e a peta que são feitos com polvilho de mandioca. (FARIAS, 2005, p.31).
Cada família costuma produzir o seu próprio alimento, mas esse processo nos dias atuais já é bastante relativo, as facilidades de ir e vir à cidade (Arraias-TO) tem aumentado e facilitado essas trocas, em que cada família já pode optar por produzir ou não o seu alimento.
Algumas famílias possuem suas próprias rodas de ralar mandioca, são independentes entre si. Antigamente para ralar a mandioca era utilizado o pau de Angico (árvore do Cerrado), que era usado como uma espécie de ralo, presentemente, as comunidades já dispõem de ralos de latão e por vezes optam por ele pela facilidade de manuseio.

METODOLOGIA
Valeu-se da pesquisa qualitativa, na qual o pesquisador se compromete com a investigação, indo à comunidade à procura de dados por meio da pesquisa de campo, para dessa forma exteriorizar como e o quão importante são estas manifestações culturais existentes até os dias atuais.
Chizzotte (2008), parte da concepção que, a pesquisa deste modo reconhece o saber acumulado na história humana e se investe no interesse em aprofundar as análises e fazer novas descobertas em favor da vida humana. Já para a pesquisa qualitativa o mesmo diz que, por outro lado não há um padrão único porque admite que a realidade seja fluente e contraditória e os processos de investigação dependem também do pesquisador, sua concepção, seus valores e seus objetivos.

A etnografia é um sistema de pesquisa desenvolvida pelos antropólogos para estudar a cultura sociedade. Etimologicamente etnografia significa “descrição cultural “Para os antropólogos, o termo tem dois sentidos: (1) um conjunto de técnicas que eles usam para coletar dados sobre os valores, os hábitos, as crenças, as práticas e os comportamentos de um grupo social; (2) um relato escrito resultante do emprego dessas técnicas.” (ANDRÉ, 1995, p. 27).

Já para Chizzotte (2008), etnografia significa a descrição de um grupo social, deriva etimologicamente do grego ethos (cultura) + graphe (escrita). Depois foi utilizado para descrever um grupo cultural. Foi apropriada como uma antropologia descritiva dos modos de vida da humanidade, e introduzindo como um modo de descrição social científica de uma pessoa ou uma configuração cultural de uma população.
Por sua vez, o levantamento de dados foi norteado como método da pesquisa etnográfica, na busca por compreender os saberes e fazeres do povo Kalunga, por meio de cada fala, gravações, gestos, fotografias, e do cotidiano em que foi registrado. As entrevistas foram semiestruturadas, permitindo aberturas a novos questionamentos.

RESULTADO E DISCUSSÃO
No momento da entrevista com alguns moradores da comunidade Kalunga de Mimoso- Arraias TO observou-se que boa parte das receitas utilizadas por eles, em especial a do bolo de arroz, estão guardadas na memória de grande parte dos moradores.
Colocar o arroz de molho, buscar lenha, pilar, sessar (peneirar o arroz), pegar água no rio, de modo a vivenciar todo ou boa parte do cotidiano quilombola.

Tabela 01: Inventário de Referências Gastronômicas
IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO GASTRONÔMICA
BOLO DE ARROZ TRADICIONAL
FICHA TÉCNICA
Arroz, Óleo de coco piaçaba ou banha de porco, Mel de cana de açúcar, açúcar de rapadura ou a rapadura, Fermento (Extraído a partir do próprio arroz), Leite (Pode ser substituído por água), Água fervente, Água fria (temperatura ambiente) e tempero a gosto (canela, cravo, erva doce, sal).
Obs.: Depois de pilado e peneirado o arroz, retire uma pequena quantidade e reserve em uma cuia, (utensílio de cozinha que pode ser usado como copo ou bacia), por alguns dias (de 3 a 5). O ponto do fermento é quando ele já esta azedo, para que ele azede mais rápido é só acrescentar um pouco de caldo de cana. (Entrevista realizada com A. S. R em 02/04/2016).
MODO DE FAZER
Logo no período da manhã, prepare o forno, acendendo-o com lenhas que tenham grande durabilidade.  Segundo o morador “(D.M. S., entrevista realizada em 02/04/2016) da Comunidade Kalunga de Mimoso as lenhas são as seguintes, o Timbó e a Araçá”. Deixe a quantia de arroz desejada de molho na noite anterior ao preparo do bolo, em uma bacia. Você precisará de um pilão para extrair o fubá. Soque o arroz em um pilão para extrair o fubá, ingrediente fundamental. À medida que se soca o arroz, o fubá vai fofando quando estiver desse modo, estará no ponto de sessar. Em uma grande bacia coloque todo o fubá do arroz e em seguida, acrescente a água fervente e vá mexendo ate desempelotar, esse processo deixa o arroz bem homogêneo.
Aos poucos vá acrescentando a água fria, o açúcar de rapadura, o óleo de coco, o fermento tradicional e o tempero a seu gosto. Caso queira mais doce ou com um pouco mais de sal é só acrescentar. Deve-se mexer a massa constantemente para que se dissolva completamente. Vá provando e veja se esta a seu gosto. Após pronto, reserve-a no local de preparo (bacia). Quando a massa estiver no ponto de ir ao forno, ela começara a pitar (crescer). Quando nesse ponto unte as assadeiras com folha de bananeira e leve-as ao forno. Não demora muito e o bolo logo estará assado. Após pronto vá retirando-as do forno e reserve em um quibano aguarde que esfrie e sirva- se. A palha de banana deve ser mantida porque a mesma ajuda na sua conservação.
Fonte: Produção dos autores

As donas de casa que sabem fazer o bolo de arroz, se valem da sua própria memória, pois quase não se trabalha a quantidade dos insumos necessários para o preparo, o que caracteriza uma produção baseada em experimentos e repetições “é tudo de memória e a gosto”. Outra característica importante é que a comunidade não se prende a horários. Para eles, o importante é o nascer e o pôr do sol.
O bolo de arroz compõe a alimentação das famílias há mais de cinco gerações, está no cotidiano da comunidade e normalmente é produzido para ser ofertado às visitas e em folias da região para recepção de foliões e entes queridos.
Eu aprendi a fazer esse bolo com a minha mãe e minha avó. Eu ensinei sim, as meninas quando moravam aqui, me ajudavam a fazer. (Entrevista J.C.S. em 02-04- 2016).

Essa tradição é repassada de geração a geração, as mulheres aprendem só de olhar,  e reproduzem em  seu  cotidiano.  O homem tem papel fundamental, participa diretamente, procurando a lenha no mato, acendendo o fogo, buscando água no rio e até mesmo cuidando dos bolos no forno para não passar do ponto. As mulheres ficam a cargo da preparação do bolo e direcionamentos das atividades que compõe o seu cotidiano.
As tachas (fôrmas de assar bolo) eram feitas manualmente, a partir de latas de querosene e latas de óleo. Nesse sentido observa-se a produção que se passa de pai para filho, de geração para geração. É dessa forma que se percebe a perpetuação da prática e a valorização do patrimônio imaterial.
Müller (2012) afirma que deste modo, devidamente identificados, os processos gastronômicos tradicionais, possibilitam a reprodução do prato, em concordância com os aspectos histórico-culturais e técnico-tecnológicos permitindo assim a preservação da identidade cultural.
Trata-se de uma forma de reprodução da história e da cultura de uma localidade por meio da gastronomia tradicional. De modo a ressaltar que a produção do bolo de arroz feito à sua maneira tradicional é um elemento indentitário de suma relevância para a manutenção da identidade quilombola.

REFERÊNCIAS
ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Etnografia da prática escolar. Campinas-SP: Papirus, 1995. (Série Prática Pedagógica).
CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa qualitativa em ciências humana e sociais. 2. ed. Petrópolis RJ: Vozes, 2008.
FARIAS, Rosana Antônio de. Comunidade Remanescente de Quilombo Lagoa da Pedra: Um estudo de caso. Monografia. UFT. Arraias, 2005.
HEYWOOD, Linda. Centros-Africanos no Brasil Central, de 1870 a 1835. Quem é o rei do Congo? Um olhar sobre os Reis Africanos e no Afro-Brasileiro no Brasil. In: Mary C. Karash e Elizabeth W. Kiddy. Diáspora Negra no Brasil. Contexto, 2008.p.125-164, 165-191.
OLIVEIRA, Suely Dias. A Cultura Negra no processo de letramento da comunidade Kalunga. Arraias, 2010.
QUEIROZ. Suely Robles Reis de. Escravidão Negra no Brasil. Editora Ática, 2 edição. Serie Princípios. São Paulo. 1990
MULLER. Silvana Graudenz. PATRIMÔNIO CULTURAL GASTRONÔMICO: Identificação, Sistematização e Disseminação dos Saberes e Fazeres Tradicionais. Programa de Pós graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento. Florianópolis. 2012.
WARNIER, Jean-Pierre. A Mundialização da Cultura. Tradução Viviane Ribeiro. 2. ed. Bauru- SP: EDUSC, 2003.






[1] Mestre em Turismo, área de Cultura e Sustentabilidade no Turismo, pela Universidade de Brasília – UnB. Professora e pesquisadora na Universidade Federal do Tocantins - UFT. Email: thamyris.andrade@gmail.com
[2] Graduando em Turismo Patrimonial e Socioambiental pela Universidade Federal do Tocantins. Email: eudemir@uft.edu.br
[3] Graduanda em Turismo Patrimonial e Socioambiental pela Universidade Federal do Tocantins. Email: regilene@uft.edu.br

Cachoeira Três Quedas

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

DOCE DE MAMÃO

Fonte: Michelly Lima


O mamão tem sua origem na região tropical das Américas, provavelmente entre o sul do México e o noroeste da América do Sul. No Brasil, passou a ser conhecido no início do século 17 na Bahia – que tem o maior foco produtivo, seguido pela região de Linhares, no norte do Espírito Santo. O fruto é muito rico em vitaminas A e C além disso pode ser consumido de várias formas, dentre elas o doce que pode ser feito do fruto maduro ou verde. Doce caseiro que ainda não é comercializado.

DOCE DE MANGA


De origem Africana, a manga chegou ao Brasil por volta de 1700, trazidas pelos portugueses. A fruta da mangueira é encontrada em grande proporção principalmente na região Norte do país com uma variedade de formas e sabores. No município a manga é encontrada com grande facilidade, já que a mangueira é bem comum por essa região, pensando no aproveitamento dessa fruta, por aqui fazemos doces e geleias, tornando- o uma sobremesa típica. Doce produzido durante a época da fruta que ainda não é comercializado.

Fonte: Michelly Lima

BEIJU COM CARNE SECA

Fonte: Michelly Lima


De origem indígena, tipicamente brasileiro é considerado um dos mais tradicionais símbolos da região norte. O beiju é feito da fécula extraída da mandioca (polvilho). Consumido nos horários de lanche substituía o pão, espalhado pelo Brasil ele ganhou diversos modo de fazer e recheios para acompanha-lo. Dentre eles estão o beiju com carne seca desfiada, com queijo e ovo frito. Com um apetitoso gosto ele compõe o prato dos arraianos. Presente no café da manhã da comunidade arraiana, é um prato caseiro não comercializado.